quarta-feira, 26 de março de 2025

Discurso de campanha não é só promessa: é compromisso público

Em tempos de eleição, os discursos se multiplicam. São palavras ditas com entusiasmo, cartazes coloridos, jingles animados e promessas que soam como soluções definitivas para velhos problemas. Mas o que muitas pessoas não percebem — e o que alguns candidatos fingem esquecer — é que o discurso de campanha não é apenas retórica: é um compromisso público.

Cada palavra dita em um palanque, em uma entrevista, em uma live ou em uma caminhada de bairro carrega o peso de um pacto com o eleitor. Quando um candidato promete mais saúde, mais educação, mais segurança, ele não está fazendo um favor — está firmando uma expectativa legítima com quem vai depositar nele um voto de confiança.

E mais: esses discursos não estão soltos no ar. Eles podem e devem ser cobrados depois. O eleitor precisa entender que campanha não é só o momento de escolha, é também o início da fiscalização. O mandato começa no voto, mas só se completa com acompanhamento e cobrança.

Do ponto de vista jurídico, há um conceito importante envolvido: o da responsabilidade política e moral do agente público. Embora nem todas as promessas sejam juridicamente exigíveis, elas compõem o que chamamos de “programa de governo”. E esse documento, quando registrado na Justiça Eleitoral, pode ser usado como parâmetro para avaliar a coerência entre o que foi prometido e o que está sendo feito.

Candidatos sérios sabem disso. Eles não falam para agradar — falam para assumir compromissos. Sabem que a fala tem consequência, que a população está mais atenta e que a credibilidade hoje é tão valiosa quanto qualquer voto.

Do lado do cidadão, é essencial amadurecer a escuta. Não se trata de esperar soluções milagrosas, mas de avaliar quem demonstra preparo, conhecimento, visão e, principalmente, responsabilidade com aquilo que diz. Um bom discurso emociona, mas um discurso comprometido transforma.

Conclusão

O discurso de campanha é o primeiro ato de um mandato. Ele não deve ser encarado como marketing, mas como contrato moral com a sociedade.
Na política, falar é fazer-se responsável. Por isso, quem quer ocupar um cargo público precisa entender: palavra dita é palavra empenhada.
E quem vota precisa lembrar: promessa feita em campanha é semente de cobrança futura.

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