Nem todo conflito precisa virar um processo. Nem toda divergência precisa terminar em sentença. E, muitas vezes, o que falta para evitar o desgaste — emocional, financeiro e institucional — é algo simples, mas cada vez mais raro: uma boa conversa.
O Direito sempre foi visto como o caminho para resolver disputas. Mas o que pouca gente percebe é que, por trás de todo litígio, existe uma história, uma dor, um mal-entendido ou um interesse que poderia ter sido resolvido muito antes, se houvesse espaço para escuta e diálogo.
É aí que entra a mediação: uma ferramenta que valoriza a palavra, a escuta ativa e a construção conjunta de soluções. Diferente do processo judicial, onde alguém vence e outro perde, na mediação o foco é encontrar um caminho possível para ambas as partes. Não se trata de “passar pano”, nem de evitar a Justiça. Trata-se de evitar que a Justiça precise ser acionada quando o diálogo ainda é viável.
Essa abordagem é especialmente valiosa na administração pública, onde pequenas disputas — com servidores, com cidadãos, com empresas contratadas — podem crescer e se transformar em batalhas longas e custosas. Uma notificação mal redigida, uma reunião mal conduzida, uma decisão comunicada de forma fria... e pronto, o conflito está armado.
Promover a cultura do diálogo, criar canais de escuta real e investir em soluções consensuais é, além de inteligente, um ato de responsabilidade. Ganha o gestor, que evita processos e desgastes. Ganha o cidadão, que se sente ouvido. Ganha o sistema, que fica menos sobrecarregado.
Mais do que técnica, isso exige sensibilidade. Saber ouvir. Saber acolher. Saber reconhecer o outro como parte da solução — não apenas como adversário. Em tempos em que tudo vira disputa, ter essa postura é um diferencial humano e estratégico.
Conclusão
O Direito não precisa começar no conflito. Ele pode — e deve — começar na conversa.
Evitar um processo com diálogo não é sinal de fraqueza. Pelo contrário: é maturidade, é estratégia, é visão. O profissional ou gestor que entende isso deixa de ser apenas alguém que “resolve problemas” e passa a ser alguém que evita que eles aconteçam.
Quando a palavra é usada com inteligência e empatia, ela tem o poder de desarmar, esclarecer e construir pontes. E, às vezes, o que parecia um impasse jurídico era apenas uma escuta que não aconteceu.
Afinal, muitos processos nascem onde faltou diálogo. E muitos acordos duradouros surgem quando alguém decide, simplesmente, parar para ouvir.
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