Vivemos em uma democracia, mas cada vez mais gente se pergunta: quem, de fato, me representa? Políticos se elegem com promessas populares, mas governam para interesses próprios, de partidos ou de grupos específicos. Resultado: o povo olha para o poder e não se vê lá.
Essa é a chamada crise de representatividade. E ela corrói a confiança nas instituições, alimenta a apatia política e enfraquece a democracia.
Representar é estar a serviço, não acima
Um representante do povo deveria entender as dores da população, ouvir quem o elegeu e lutar por melhorias reais. Mas o que se vê, muitas vezes, são políticos que vivem em uma bolha, blindados da realidade e cercados por privilégios.
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Enquanto o trabalhador enfrenta transporte precário, o deputado tem carro oficial.
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Enquanto o povo depende de SUS, o político usa plano de saúde especial.
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Enquanto a fila no INSS cresce, o servidor público de alto escalão recebe aposentadoria integral.
Como esperar empatia de quem não sente na pele o peso das decisões que toma?
Partidos distantes, políticos desconectados
A maioria dos partidos virou sigla de aluguel, negociando tempo de TV, fundo eleitoral e cargos em troca de apoio. Poucos têm projetos de país. Menos ainda dialogam com a base da sociedade.
O eleitor vota em um nome, mas o sistema entrega outro comportamento. O político eleito muda de lado, ignora promessas e atua com liberdade quase total — sem prestar contas. O povo se sente traído.
Consequência: desânimo e radicalização
Sem se sentir representado, o cidadão se afasta da política. Não confia em ninguém, não acredita em mudança, não participa das decisões. Isso abre espaço para dois caminhos perigosos:
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O voto nulo e a abstenção em massa, que esvaziam o processo democrático.
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A radicalização e o populismo, onde figuras autoritárias se aproveitam da insatisfação para prometer soluções fáceis e culpar inimigos invisíveis.
Solução: reconectar poder e povo
A saída para a crise de representatividade começa com transparência, escuta ativa e coerência entre discurso e prática. Políticos precisam sair dos gabinetes, andar nas ruas, entender as necessidades reais da população.
Mais do que isso, é preciso renovar os espaços de decisão, abrindo caminho para lideranças novas, independentes, com raízes nas comunidades e compromisso com resultados — não com palanques.
Conclusão
Quando o povo não se vê no poder, o poder perde legitimidade. E sem legitimidade, não há governo que se sustente nem democracia que prospere.
Representar é servir. É ouvir, agir e prestar contas. O Brasil precisa de menos figurantes no Congresso e mais vozes verdadeiras da população. Só assim a política deixa de ser palco — e volta a ser ponte.
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