O Brasil é um país profundamente legalista. Temos leis para quase tudo, e todos os dias surgem novas normas, decisões, portarias, medidas provisórias. Mas, ao mesmo tempo, vivemos em um país onde a maior parte da população não entende nem o básico sobre seus direitos.
E não é por falta de interesse. É por falta de acesso a uma linguagem que faça sentido.
Durante muito tempo, o Direito foi tratado como um saber reservado. Cercado por palavras difíceis, expressões em latim, interpretações técnicas que afastam em vez de aproximar. Criou-se o mito de que só o advogado entende — e que o cidadão comum deve apenas “aceitar”.
Mas um país democrático de verdade não se constrói assim. Cidadania exige compreensão. As pessoas precisam saber como uma lei nasce, o que pode ou não um agente público, como recorrer de uma injustiça, o que significa um contrato que assinam. E isso só acontece com educação jurídica acessível.
Educar juridicamente não é ensinar a fazer petição. É traduzir o Direito para o cotidiano. Mostrar que as leis estão em tudo: na conta de luz, no aluguel, na fila do hospital, no voto. É fazer com que o cidadão se veja como sujeito ativo — e não como alguém à parte do sistema.
E aqui entra uma mudança de mentalidade. O profissional do Direito não deve apenas dominar a norma: deve saber comunicar. Deve abandonar o “juridiquês” quando fala com o público, e assumir o papel de educador, tradutor, facilitador.
Isso não diminui a técnica — pelo contrário. Dá propósito a ela.
Conclusão
Um país mais justo não se faz só com boas leis. Se faz com pessoas que compreendem o que elas significam.
E o primeiro passo é este: menos juridiquês, mais diálogo. Menos mistério, mais consciência.
O Direito, afinal, só cumpre seu papel quando deixa de ser privilégio — e se torna instrumento de todos.
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