O Direito, muitas vezes, é retratado como algo frio, técnico, distante. As leis estão nos livros, os processos nos sistemas, os argumentos nas petições. Mas quem vive o Direito no dia a dia — seja na advocacia, na gestão pública ou na atuação consultiva — sabe que ele lida, o tempo todo, com algo bem mais complexo: pessoas.
É aqui que entra a influência silenciosa, porém profunda, da maçonaria na minha forma de enxergar o jurídico. Ser maçom não é apenas estar presente em sessões ou repetir rituais. É um processo constante de lapidação interna. De autoconhecimento. De escuta. De compromisso com o que é justo — mesmo quando isso não é o mais fácil ou o mais popular.
Na maçonaria, aprendemos que a justiça não é só aplicar a regra. É buscar o equilíbrio. É entender o contexto. É usar o discernimento para não ferir com a espada o que poderia ser resolvido com a palavra. E esse princípio, quando levado para o Direito, muda tudo.
Porque o bom profissional jurídico não é aquele que apenas conhece a lei — é aquele que sabe usá-la com consciência. Que reconhece a dor do outro, que não banaliza um conflito, que não se perde na vaidade de parecer mais sábio que os demais. Que sabe que, por trás de um processo, existe uma história. E que, por trás da história, existe um ser humano.
A maçonaria também ensina que toda decisão tem um impacto. E que a verdadeira autoridade não está no cargo, mas na postura. Isso vale para o juiz, para o advogado, para o servidor público. Quem decide, influencia. Quem orienta, transforma. E quem exerce qualquer função pública tem o dever de ser justo — não apenas legalista.
Nos tempos atuais, em que tudo é rápido, raso e inflamado, aplicar o Direito com humanidade é quase um ato de resistência. Significa ouvir antes de responder, ponderar antes de agir, construir pontes antes de erguer muros.
Conclusão
Aprendi na maçonaria que a justiça verdadeira não se impõe — ela se revela no exemplo, no equilíbrio e na coerência entre o que se diz e o que se faz. No Direito, tento levar isso como norte. Porque, no fim das contas, mais do que bons técnicos, o mundo precisa de bons homens. E o bom homem, quando se torna jurista, não se limita à letra da lei — ele dá vida ao que a lei, no fundo, deveria sempre buscar: dignidade, respeito e paz.
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