sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Direito e espiritualidade: é possível conciliar justiça com propósito?

O Direito sempre foi visto como um campo técnico, racional, pautado em regras e provas. Um universo onde cabem os fatos, as leis e as decisões. Mas, para quem vive o cotidiano jurídico — seja advogando, atuando na gestão pública ou orientando pessoas — é impossível ignorar a dimensão humana por trás de cada processo.

Por trás de cada causa, há um conflito. Por trás do conflito, há uma história. E dentro dessa história, sempre há sentimentos, traumas, esperanças, intenções. É aí que entra a pergunta que poucos têm coragem de fazer: será que é possível unir Direito e espiritualidade?

Não se trata de misturar crença com julgamento. Justiça não é templo. Mas também não pode ser desumana. A espiritualidade, nesse contexto, não diz respeito à religião, e sim a uma postura: uma forma de olhar o outro com empatia, escutar com profundidade, decidir com consciência, agir com propósito.

Um profissional do Direito que desenvolve valores espirituais — como equilíbrio, compaixão, integridade, escuta ativa, humildade — leva isso para sua atuação, mesmo que silenciosamente. Não há necessidade de ostentar símbolos ou dogmas. Basta agir com humanidade.

Na prática, esse olhar mais espiritualizado se reflete em pequenas coisas: em ouvir mais e julgar menos. Em entender o que está em jogo além do que está escrito. Em perceber quando um litígio pode ser evitado por uma boa conversa. Em lembrar que, antes da sentença, há vidas sendo afetadas.

O que a espiritualidade ensina — e que o Direito muitas vezes esquece — é que fazer o certo não é só cumprir o que está na lei. É ter a coragem de fazer o que é justo, mesmo quando isso exige mais esforço, mais escuta, mais tempo.

Conclusão

Conciliar Direito e espiritualidade não significa misturar funções — mas sim elevar a forma como se exerce a função. Porque não basta conhecer as leis. É preciso compreender os seres humanos que estão por trás delas. E quando o profissional do Direito entende que justiça também é uma forma de servir, ele não só aplica a lei: ele transforma realidades.

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